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Como chegar à igualdade de género em contexto profissional?

No passado dia 9 de junho, tive a oportunidade de moderar o painel “Women in Tech: Lideranças Femininas no mercado da tecnologia”, durante o evento Digitalks Lisboa. Foram convidadas Adriana Lima, Senior Account Executive da Salesforce, e Carla Graça, Chief Digital Officer da Vista Alegre, duas pessoas por quem tenho admiração pessoal e profissional e que estão profundamente envolvidas na causa Women in Tech.

Nesta sessão de cerca de 30 minutos, comecei por apresentar alguns números, que reitero:

  • As mulheres ganham, em média, 16 % menos por hora do que os homens
  • Em média, as pensões das mulheres são 30,1 % inferiores às dos homens
  • 75 % das tarefas domésticas e dos cuidados não remunerados são efetuados por mulheres
  • Apenas 7,5 % dos presidentes dos conselhos de administração e 7,7 % dos diretores executivos são mulheres
  • Apenas 22 % dos programadores no domínio da inteligência artificial são mulheres

Estes são números da União Europeia, no âmbito da Estratégia Europeia para a Igualdade de Género 2020-2025. Pode consultar aqui a versão resumida e aqui o relatório completo.

Este foi o mote para o ponto de situação atual, no qual concordámos que já existem melhorias a nível de legislação, de oportunidades de trabalho para mulheres qualificadas, de acesso a instituições de ensino superior, entre outros tópicos, mas que ainda estamos longe da igualdade de género.

O Instituto Europeu para a Igualdade de Género estima que “ao atual ritmo de progresso estamos a, pelo menos, 60 anos de distância da plena igualdade de género”. O Índice Anual de Igualdade de Género demonstra que a União Europeia está a melhorar, mas muito lentamente. Portugal subiu em 2021 apenas um lugar face a 2020, ficando em 15.º, apenas quatro lugares acima da posição em 2010, mas continuando ainda assim abaixo da média da União Europeia, com menos 5.8 pontos percentuais.

Gostaria de fazer aqui um resumo de uma conversa que deixou ainda muito por dizer:

  • É fundamental não só educar as novas gerações para a igualdade, como também reeducar as gerações que já se encontram no mercado de trabalho para este assunto;
  • Hoje em dia já não vemos tantas situações de desigualdade declarada, mas sim muitas microagressões, que partem tanto de mulheres como de homens e muitas vezes são inconscientes ou “sem maldade”, motivo pelo qual devem ser abordadas e eliminadas;
  • Existe alguma confusão sobre o significado de feminismo, que é muitas vezes associado a uma luta pela superioridade das mulheres, quando na realidade se trata de um movimento pela igualdade de género;
  • A representatividade feminina é essencial como forma de inspiração para outras mulheres, tanto no setor de tecnologia em geral como nas posições de topo;
  • Muitas mulheres sentem falta de confiança quando se candidatam a um cargo, e inclusivamente deixam de se candidatar quando não cumprem todos os requisitos, ao contrário dos homens, que se candidatam frequentemente mesmo quando têm apenas 3 dos 10 requisitos;
  • A cooperação entre mulheres é assumida como cada vez mais importante, pois a competitividade não traz benefícios para o coletivo feminino;
  • A consciencialização para estes temas é o primeiro passo para um avanço definitivo em matéria de igualdade de género.

Tanto a Salesforce como a Vista Alegre são promotoras ativas de uma cultura associada à igualdade de género, quer através de iniciativas internas, quer através da participação em eventos internacionais, como os encontros Women in Tech.

Também a genesis.studio está associada a estas causas, não só através da Portuguese Women in Tech (PWIT) como também da Microsoft Portugal.

Para as mulheres que estão agora a iniciar a sua carreira na tecnologia, as oradoras deixaram um conselho: sejam corajosas, não tenham medo de ser as primeiras a fazer algo, arrisquem e explorem as oportunidades que o mundo tecnológico tem para oferecer.

Este painel apenas aflorou um tema complexo e que está em constante desenvolvimento. Se quiser saber mais ou trocar impressões comigo, estou disponível através de email ou pelo LinkedIN.

cintia costa

Com mais de 8 anos de experiência em Marketing e Comunicação para clientes empresariais, especialmente dedicada ao mercado B2B (Business to Business), tem uma grande paixão pela indústria da tecnologia e inovação, e pelos temas de Women In Tech, Employer Branding, Marca Pessoal e Conteúdos de Marketing. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e com Pós-Graduação em Marketing Digital pelo ISCTE, a sua vontade de evoluir e aprender continuamente leva-a a explorar vários assuntos da atualidade.

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